Hoje, no dia que estou escrevendo, finalmente mudei de casa há uma semana! Agora não moro mais com os meus pais! Eu moro em outra casa no mesmo terreno que eu morava antes com eles. Sim, eu sei: É que nem viver a emoção de chegar na lua e descobrir que as janelas do foguete na verdade são apenas monitores rodando uma simulação e na verdade você nunca saiu da terra!
Na verdade, a gente precisa urgentemente mudar o nosso conceito de "sair da terra" no que se refere a casa dos nossos pais, porque os desafios da nossa geração de jovens adultos são muito maiores e mais pesados do que quando foi a vez deles. Hoje recebemos um salário mínimo de fome, e qualquer carro popular passa fácil de 100 mil reais ao passo que a casa mais humilde e minimamente morável o aluguel é de 750 reais (e reajusta todo ano), e estamos falando de uma pessoa bancando uma vida sozinha, se for contar com outra pessoa e filhos para cuidar a coisa fica ainda mais difícil. Eu pago algumas contas da casa sozinho e meu ticket alimentação fica todo na despesa da casa, além de que a relação que tenho com meus pais é de adultos morando juntos, não de dependência, seja financeira ou emocional, e não queria usar esse argumento, mas no fim, sabemos como o autismo e o transtorno de ansiedade generalizada tornam as coisas muito mais difíceis para mim ficar sozinho!
"Sair da terra" é sempre desafiador e estamos numa sociedade tão dificil que só podemos esperar de forma sensata que fique ainda pior e ainda mais caro e difícil e mais pessoas, inclusive neurotípicas, acabem seguindo morando com os pais. Infelizmente a desigualdade social e a inflação descontroladas como temos hoje tem esse poder de matar em longo prazo certas culturas que são atreladas a questões econômicas. E honestamente essa é uma coisa sobre a qual eu não vejo luz no fim do túnel, pelo menos por agora. Brasil 2025, meus nobres.
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