Antes de voltar com o universo do Pete, eu senti que precisava organizar algumas coisas. Uma delas é que em breve precisamos fazer um guia de episódios para deixar mais clara a ordem cronológicas das histórias que estamos postando aqui nos últimos sete anos, e a outra seria justamente isso: A história de origem do Pete! A partir de hoje até fevereiro teremos posts todos os dias de segunda a sexta, alternando entre as histórias não contadas de Pete e dos Pequenos Americanos e os posts das outras séries! E hoje a gente começa a contar o início de tudo!
Naquela época eu tinha acabado de me formar em pedagogia e estava buscando meu primeiro emprego como professor. E eu sei que para essa profissão tanto politicamente quanto em qualquer campo que seja, definitivamente não é um bom momento para se querer ser professor. Mas já era tarde quando me dei conta, e querendo ou não era meu sonho desde moleque, além do fato de que gostava de crianças. Mas a vida nunca acontece do jeito que a gente quer. Como sempre parece que ela gosta de brincar conosco, para ver o que é que a gente vai fazer a seguir!
Eu tinha conhecido o Maurício no cursinho, e mais tarde, depois de ter começado uma faculdade em uma cidade bem longe, ele voltou para a cidade e entrou mesma faculdade que a minha no curso de economia. Estava no segundo ano de economia quando saí de lá, e ele tinha um garotinho com uma
moça que conheceu nessa cidade e trouxe de volta para a
nossa, quando veio para a minha faculdade. Só que, de nós dois,
foi o Maurício que se deu bem, estagiando e depois
conseguindo um bom emprego em uma empresa de seguros,
onde a gente sabe que o mercado é sempre quente, e assim,
ele conseguiu se firmar financeiramente muito bem. Enquanto
isso, eu estava ainda procurando emprego e esperando um dos
concursos em que tive excelente colocação criar alguma
vontade de chamar as pessoas que tiveram as melhores
colocações e estavam habilitadas ao cargo, e os tempos estavam
realmente bem difíceis.
Nessa época, encontrei o Maurício no ônibus algumas
vezes. Falamos muito sobre a faculdade, sobre política (e por
sinal tínhamos ventos pouco sóbrios a esse respeito espreitando nosso
país, mas não vem ao caso) e sobre várias coisas, e as vezes ele
me falava da família e sobre como estava sendo ser pai.
Pedrinho tinha então lá pelos seus três anos de idade.
Até que um dia a Raquel conseguiu um emprego.
Contrariando a impressão que sempre tive dela, de bastante
patricinha, ela também queria alguma independência e claro, alguma forma de plano B se o casal viesse a precisar. Ela
também começou a trabalhar em uma grande empresa e ambos
juntos conseguiram comprar um apartamento muito bom em
um excelente condomínio para os três, inclusive perto de onde eu morava. Não eram pessoas ricas, mas eram gente a quem o
dinheiro não ia faltar tão cedo. Enquanto eu ainda continuava
totalmente ferrado nesses termos!
Mas as coisas começaram a mudar para eles: Com ambos
trabalhando, e o Maurício não tendo conseguido sequer uma
vaga integral na creche para o filho deles, precisavam contratar
uma babá para ir ao apartamento todos os dias durante a
semana. O problema era que o garoto simplesmente não
aceitava as babás e chorava com a simples ameaça de os pais
irem embora. E o Maurício e a Raquel começaram a se
desesperar, porque a data para a escolinha começar se
aproximava, fora que não podiam mais ficar contratando e
demitindo funcionárias.
Numa dessas aconteceu uma coisa interessante: Um belo
dia enquanto procurava o apartamento da minha irmã, sem me
lembrar sequer em qual daqueles condomínios era, Maurício
descia para recolocar o aviso de que se contratavam babás.
-Ei! – Me chamou pelo nome.
-Oi, Maurício! Como vai? Tá morando aqui agora?
-Eu sei, eu queria algo melhor também! – Zombou. – Mas
eu gosto daqui e é perto de onde eu trabalho! A Raquel
também toma uns poucos minutos de carro!
-Entendi. – Dei de ombros, vendo ele colar um aviso ao
lado da portaria. – Contratando babás?
-Preciso! Até agora nenhuma deu conta de acalmar o
Pedrinho quando a gente sai! E eu não sei mais o que fazer!
Logo eu volto a trabalhar, e aí? Ele vai ficar com quem?
-Logo quanto?
-Uma semana.
-Olha, tem algumas coisas que dá para fazer para ajudar
ele a entender isso. Mas também, é preciso ver o lado dele! Sempre esteve com um dos pais, nunca experimentou um
mundo diferente disso antes. É por isso que tem medo e não
consegue lidar! Tem que ter paciência com ele! E posso ter
sugestões!
-O que? Alguma das suas idéias de educador?
-Geralmente funciona!
-Ok, eu tô desesperado! Você não quer entrar e tomar um
café?
-Não tomo café, mas aceito uma água! Eu estou andando
há bastante tempo!
Subimos o prédio e entramos no apartamento depois de
uns lances de escadas. O apartamento deles era quase no último andar, e era do tamanho de uma casa média. O dono
daquele lugar construiu menos apartamentos para poder fazê-los maiores e vendê-los mais caro, e várias pessoas pagavam.
Entramos. Pedrinho estava no sofá vendo desenho no celular.
-Olha só! – Sussurrou. Em seguida, olhou para o garoto e
anunciou. – Estou saindo!
(Continua...)
(Continua...)
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