Pete #21: Um Conto de Natal do Pete - 1 de 3



   Lê até o final que eu tenho uma super dica para você!
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   Certa vez, quando eu ainda trabalhava com o Pete no apartamento do Maurício, e o Pete tinha sete anos, o Maurício chegou com uma daquelas ligações marotas dele que obviamente nunca eram para perguntar como eu estou.
   -Oi... - Me chamou pelo nome. - Eu tenho uma ótima notícia para você!
   -Me dá uma razão para eu não achar que logo vou estar chamando essa boa notícia de sacanagem!
   -Bem, nós vamos passar esse natal juntos na capital, e o Pete insistiu que queria que você viesse junto, então, se estiver animado para vir com a gente!
   -Sacanagem! - Murmurei.
   Para aqueles que possam não ter entendido o que acabou de acontecer, vamos repassar o que ele disse, mas dessa vez mudando para o jeito como realmente me pareceu:
   -Bem, nós vamos passar esse natal juntos na capital, e para eu poder aproveitar a viagem com a minha mulher preciso que você esteja disposto a pagar para vir junto e trabalhar de graça em pleno feriado! Se anima?
   Evidente que não. Eram ainda oito horas da manhã. O natal batia a porta, mas eu não pretendia atender antes do meio dia. Mas a viagem seria nos próximos dias. E não tinha como duvidar que Pete realmente estava ansioso para que eu fosse junto, porque em geral ele queria que eu fosse junto para qualquer lugar que eles viajassem. (Spoiler da vida: Com meus futuros filhos com certeza não vai ser desse jeito!) E isso fazia com que eu meio que não tivesse escolha.
   Logo mais eu estava lá no apartamento.
   -Que bom que você chegou! - O Maurício atendeu a porta. - Ele está esperando lá no quarto dele! Está animado para ver os fogos na avenida paulista?
   -Eu não fui nem nas festas da faculdade, porque a terra ter dado mais uma volta em torno do sol me animaria de fazer hora extra cuidando do seu filho no meio de um monte de gente suada gritando e mostrando que pega alguém e eu não?
   -Você tem que parar de ser negativo com as coisas! Coloca um sorriso nesse rosto! Você sabe que vai ser legal, e como eu falei, o Pete quer que você vá!
   -Você quer que eu faça hora extra de graça!
   -O que é a minha vontade perto da do Pete, não é? - Tocou meu ombro e se afastou.
   Pete se aproximou de mim, como quem não quer nada, ainda de cuecas com uma camisa na mão. Pelo jeito tinha começado a se arrumar mas parou quando ouviu minha voz. Veio correndo para mim largando a camisa no chão e segurou minha mão.
   -Oi, tio! Você vai vir mesmo com a gente?
   -Eu tenho escolha?
   -Anh...
   -Tá bom, eu vou! - Cedi.
   Com certeza eu ia sobreviver se conseguisse beber o suficiente. E olha que eu nem bebia.
   -Ah, e você vai ter que me deixar subir nos seus ombros para eu ver os fogos porque se não eu não vou conseguir ver porque vai ter um monte de adulto! E você vai ter que...
   -Vai terminar de se vestir! - Bocejei.
   Me dava preguiça só de imaginar o quanto aquela noite de natal ia ser longa. Me sentei no sofá deles enquanto se arrumavam. Acabei por tirar um cochilo, e foi aí, que tudo começou...
   Quando abri os olhos, estava em um lugar pouco familiar. As vozes de pessoas conversando animadamente, uma mesa grande cheia de pessoas, minha família e eu, com uns oito anos de idade, sentado em um canto comendo. Aquela era minha família em um natal alguns anos atrás, quando a aproximação dessa data ainda fazia sentido para as pessoas. E a gente ainda se reunia naquela mesa.
  Então, uma das crianças se afasta do meio das outras e se aproxima de mim. E era o Pete. O Pete de hoje!
   -Você não era a pessoa mais sociável do mundo, né? Mesmo assim você gostava do natal! Das luzes, da simpatia das pessoas, de poder comer tanta coisa gostosa de graça! - Sorriu.
   -O... O que é isso?
   -Eu sou o Pete do Natal Passado! E eu quero te mostrar como o natal já foi mais feliz para você!
   -Antes de você nascer não é muito difícil! - Ironizou.
   -É, aí eu perdi no argumento! Mas olha para você, olha o sorriso no seu rosto! O que aconteceu?
   -Eu cresci, tá? Me desculpe, mas as pessoas crescem e descobrem que o mundo não é esse colorido que a gente imagina na infância em que tudo é possível, tipo ser astronauta ou se casar com a Jackeline Petchkovic!
   -Você deixou de acreditar nos sonhos?
   -Talvez... Um pouco...
   -Então talvez você precise ver onde isso te levou, mas isso não é tarefa para mim! Por agora, acorda, tio! Acorda, tio! Acorda, tio!
   Acordei bruscamente com Pete sentado em cima de mim no sofá com as mãosinhas na minha camisa me sacudindo e berrando "Acorda, tio!". Fiz ele parar antes de dizer qualquer coisa e coloquei ele no chão. Ele estava já vestido, animado para sair. Maurício apontava para o relógio. Mas o que tinha sonhado estava ainda reverberando na minha cabeça. Meu deus, eu nem tinha começado a beber e já estava naquele ponto! Tinha que ser falta de descanso isso!

CONTINUA...!

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