Meu trauma de infância sobre Comer Carne

Vai, explica para ele o que vocês fizeram
com a esposa dele!

   Tanto meu pai quanto minha mãe cresceram no interior, em cidades pequenas e rurais. E os dois portanto lidavam com bichos como galinhas, porcos e vacas, e talvez por isso nunca tiveram problemas em comer carne e muito menos em saber que os bichos são mortos para consumo humano e para girar a roda do capitalismo, já que nele qualquer coisa que produza dinheiro vale mais que a vida e que valores. E não querendo fazer propaganda vegana, porque eu sou pior que quem come carne, já que, tendo consciência da maneira como esses bichos são criados e todas as crueldades que acontecem antes desses animais virarem nosso churrasco, eu ainda não consigo largar o presunto e a salsicha, o que me torna um hipócrita do c#cete.
   Mas uma vez, quando eu tinha uns oito anos trouxeram uma galinha para a minha casa, e eu tive uma traumática experiência de ver minha mãe mata-la na cozinha. Ela a segurou com força pelo pescoço e contorceu. E está na minha cabeça até hoje o grito da galinha, os olhos saltando para fora e o olhar da minha mãe como se não estivesse fazendo nada de mais na frente do filho. Ela matou a galinha na minha frente com a tranquilidade e a concentração de quem pinta um quadro (o que provavelmente deve fazer dela uma boa companhia para se livrar de um cadáver!).
   E eu fiquei horas pensando naquilo depois enquanto brincava, estudava, e inclusive na hora do almoço enquanto comia uma coxa de frango. "Meu deus, ela matou a galinha na minha frente! Coitada!" Eu pensava enquanto mordia. "A gente não podia criar ela? Deixar em um cantinho no quintal, sei lá? Será que...".
   Nessa hora meu mundo caiu. Eu era uma criança mais lerda que o Barrichelo e só naquela hora, com metade da coxa de franco comida e a outra metade na minha boca é que eu associei que a galinha que a minha mãe matou na minha frente por um acaso era justamente o frango assado que a gente estava comendo! Francamente, até hoje eu não me conformo como é que eu pude ser tão burro de não ter percebido isso! Para outra razão minha mãe teria matado a galinha se não fosse para servir no almoço? Fazer algum tipo de despacho?
   Enfim, esse é outro dos meus traumas de criança lerda, mas também, foi a primeira vez que algo me fez pensar sobre a idéia de a minha sobrevivência, mesmo que eu não queira, não precise e nem concorde, esteja custando a vida de milhares de outros animais com inteligencia menos desenvolvida e por isso mesmo indefesos contra o ser humano. Não me levem a mal, o problema não é matar para comer, como minha mãe fez. Não há nada de errado com isso. O problema é impedir a vida do animal, é impedir que viva dignamente, mas eu não vou entrar em detalhes aqui porque esse não é um blog sobre isso.
   O fato é que, depois disso, fui desenvolvendo ao longo dos anos a idéia de pelo menos diminuir ao máximo o consumo de carne, e é o que tenho feito porque, quando você é adulto e tem a mais plena consciência de estar se alimentando de um cadáver, a coisa é muito mais pesada e séria!

   R.I.P. Galinha aleatória.

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   E se você, como eu, também tem vontade de começar a adquirir aos poucos uma alimentação sem carne, o que é um processo, segue uma dica muito valiosa do que vocês podem fazer:


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