De repente, Lucas estava ali no lugar que menos gostava em vida. Pelo menos, invisível como um anjo, podia passar a reunião toda cruzando os braços, colocando o dedo no nariz e coçando a bunda.
E nesse momento, o pastor fazia a ministração na qual ele fazia questão de não prestar atenção alguma.
-Eu preciso dizer que a única coisa divertida aqui hoje é ver você de terninho todo engomadinho, nem parece que tem teia de aranha dentro dessa cabeça! - Sussurrou para João.
-O bom de ser anjo é que se pode falar qualquer coisa sem risco de tomar um soco na cara, né? - Provocou.
-Faria isso na casa de deus? - Riu-se.
Em seguida, uma mulher começa a, supostamente, manifestar um demônio.
-O que é isso? - Sussurrou.
-Um demônio!
-Qual deles?
-Como assim qual deles?
-Tem um aí me devendo dinheiro!
Analisou a mulher com calma. Com as mãos para trás como se estivesse algemada, ela era levada pelos obreiros para o altar. Grunhia e fazia uma espécie de gutural na voz, soando rouco e grave.
-Se um demônio entrasse ali ela perdia vinte quilos, sendo dois de maquiagem e ia se vestir que nem gente porque nem o demônio ia passar essa vergonha!
-Ele deve ter entrado agora!
-Com a quantidade de gente rica e bem sucedida nesse país você acha que realmente que tem demônio de olho justamente na dona Raimunda da periferia de Botucatu?
-Faz sentido!
Voltando a prestar atenção no altar, o pastor falar com a mulher que estava supostamente manifestando.
-O que você quer fazer com ela?
-Eu quero apresentar a maconha para os filhos dela! Eu quero que eles cheguem tarde em casa, comecem a beber e fumar, transem toda noite sem olhar com quem!
-Cadê a parte ruim? - Sussurrou Lucas novamente.
E a conversa do pastor com o "demônio" continuava. Ele dizia que já estava ali há anos e agora, queria acabar com tudo de uma vez. Então finalmente, o pastor passou o microfone para um obreiro para libertá-la.
Lucas se levantou e esticou os braços.
-Agora eu vou zoar!
Ele se levantou, caminhou até o altar e possuiu a mulher. Assim que o pastor a soltou, esperando que estivesse liberta, ele solta:
-Eu vou querer cinquenta a mais porque o senhor não avisou que ia gritar na minha orelha!
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Eu gostaria de não precisar avisar o óbvio, mas lá vai: Ninguém está afirmando nada sobre ninguém, é só piada!
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