Heróis da Vida Real #01: O Super Véio


   Esse é um tipo de pessoas que eu conheci muito, isso porque eu sempre tive facilidade em fazer amizade com idosos no ônibus. Eu tenho espírito de velho, já falei várias vezes, porém, o tipo de velho legal que consegue se adaptar as pessoas e a juventude mesmo odiando literalmente todo mundo, porém, boa parte das pessoas quando envelhecem não se tornam assim!

   O Super Véio é o tipo que usa o fato de ser velho para ter vantagens, porque, por ser idoso, ele acha que merece tudo e é melhor que todo mundo. Em geral, ele pode ser racista, homofóbico, ou outros preconceitos e ele tem orgulho dessas posições, é capaz de dizer até que a ditadura militar foi maravilhosa, e ele acha que tudo no tempo dele é melhor que no nosso e que ele aproveitou melhor a juventude! Tipo aquela avó com dezenove filhos que acha que essa geração é muito sem vergonha! Um exemplo interessante é a Dorotéia, personagem de Laura Cardoso em Gabriela, que reclamava das prostitutas e diziam que estavam fadadas ao inferno e na juventude foi o que? Prostituta!

   Uma Super Veia uma vez me abordou no ônibus há uns anos atrás. Sim, os idosos tem direito a lugar para sentar no ônibus, eu não estou negando isso, mas, se tem lugar livre, O VEIO TEM QUE SENTAR NO LUGAR LIVRE! P#RRA! E nisso, tinham 50 lugares livres do ônibus, e duas Super Veias aparecem do meu lado.

   -Vamos sentar aqui, Neide! - Disse uma.

   -...

   -Aqui é um bom lugar, né, Neide?

   -...

   A véia começou a ficar irritada porque eu nem reagia. E fiz questão de não reagir porque exatamente atrás dela tinha um banco livre, e ela queria justamente o meu só para sentar "cazamiga"! Então, ela usa artilharia pesada, digna de uma velha de guerra mesmo:

   -Eu acho que ele não sabe ler, Neide!

   -Eu sei ler, e sabe o que eu leio? O código penal, aquele diz que os bancos reservados aos idosos são os vermelhos, e sabe o que eu não li? Onde diz que os idosos tem direito a escolher assento quando tem livre!

   Agora imaginem uma senhora cara de bunda, de quem chupou não só um limão, mas secou uma mata atlântica de limoeiros, e aí, uma outra pessoa no banco a minha frente se levantou para ela. E acreditem, eu fiz é muito bem, porque essa Super Veia, eu soube depois, já tinha feito até criança chorar com a implicância dela por causa de banco, ou seja, fiz foi pouco!

   Ainda outra história de uma Super Veia foi quando eu estava visitando um conhecido em um condomínio popular (Aqueles "minha casa, minha vida" da vida) e, enquanto a gente conversava, começamos a ouvir uns berros da véia, e corremos para a varanda. A velha tava descendo a escada do condomínio berrando com uma faca na mão para uns moleques que estavam jogando bola só porque a bola deles acertou a janela dela (que nem chegou a quebrar nada), e por um momento eu estava achando que ela ia criar uma chacina infantil ali na frente de todo mundo, a polícia ia chegar e ninguém mais ia sair nem entrar no prédio pelas próximas 48 horas e eu estaria dando entrevista no Fantástico a respeito do caso no domingo! Mas graças a Deus, tudo o que ela fez foi furar a bola dos garotos, mas provavelmente com vontade de furar mais!

   É claro, nem todos são ruins com intenção de serem ruins! Alguns só acabam forçando a barra! Se você der a menor, da menor, da menor deixa para a conversa ir para o campo da saúde, ele vai querer disputar com você, e com quem quer que seja, quem é que está mais doente e com o corpo mais f#dido. Recentemente eu estive na casa de uma senhorinha para resolver uma pendencia, e era coisa de cinco minutos. Ou melhor, deveria ser, mas eu cometi o erro dos erros, ao perceber que ela havia se machucado e não movimentava direito um dos membros.

   -Desculpe, a senhora está machucada?

   Para que? Ela começou a me contar toda a saga da briga dela com uma vizinha, e fala que acha que é macumba dela, começa a descrever os problemas dela nos mínimos detalhes como se eu fosse o médico dela e fosse receitar medicamento e quando eu penso que finalmente eu vou conseguir ir embora, ela aparece com um enorme envelope com os raios X da parte do corpo machucada para mim ver e continua falando, até eu interromper com uma desculpa qualquer e ir para casa. E ao contrário da veia chata do ônibus e da veia psicopata do condomínio, essa aqui não era ruim. No fundo, ela só queria atenção! Ok, um pouco mais do que eu podia dar no momento, mas, né? Onde estava a família dela num momento daqueles?

   Enfim, aprendam com os Super Veios, enquanto são jovens b#stas, a como não ser quando envelhecerem, tá bom, crianças?
   

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