Assim, eu odeio profundamente cagar no serviço, tá? Porque eu sei o tempo que isso me deixa preso no banheiro e se você leva mais de cinco minutos no banheiro fora de casa o que as pessoas pensam sempre é "tá cagando" ou "ta batendo continência (quem entendeu, entendeu!)". E quando volta já vem aqueles olhos julgadores. Agora, imagina isso de criança que não tem e nem tem porque ter medo de dizer nada?
Mas um dia desses, quando cheguei, acabei precisando. Como tinha chegado uns minutos mais cedo, tive que me apressar para conseguir terminar antes da hora de entrar. Naquela corrida desesperada, acabei com um minuto para chegar na salinha do sono para as meninas do outro turno poderem ir embora. Fui lavar as mãos. Mas vocês sabem o Murph, se a coisa tá ruim, ela ainda pode piorar!
Abri a torneira. Nem uma gota. Mais um pouco. Nem uma gota. Mais um pouco. Nem uma gota. Mais um pouco. Pareceu que o encanamento tinha estourado na minha cara, e acabou molhando minha calça e a base da minha camisa, parecendo que eu me mijei todo.
Não bastasse estar atrasado, atravessei os corredores tipo um agente secreto, um 007 para ninguém me ver, cheguei na salinha, todos dormindo que nem anjos, me sentei no cantinho sem nem as minhas colegas perceberem que eu cheguei, virei para o ventilador e comecei a rezar para em vinte minutos, quando tivesse que levantar e acordar as crianças pelo menos um pouco tinha de ter secado.
Tudo bem. Final feliz. Seria. Se a Felícia, cinco anos, não estivesse acordada.
-AH, O TIO FEZ XIXI!
Desgramada!! Não bastante berrar isso alto e chamar a atenção das colegas para mim, ainda acordou algumas crianças perto dela!
O público aplaude, a cortina se fecha, o palhaço vai chorar de raiva no camarim.
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