Suponho que vocês já tenham notado depois de três anos de blog que eu escrevo os textos que saem aqui com alguma antecedência, por exemplo, hoje é dia 27 de dezembro quando escrevo. E nesse momento ainda estou me recuperando da raiva.
Passei o dia inteiro com minha família esperando para a noite. Amigo secreto onde eu sabia que ia ganhar algo legal porque já tinham soprado para mim o que era, uma mesa farta para encher a barriga como nunca, rever o meu sobrinho Enzo que eu tanto amo, e claro, a família reunida. Mas é claro, tem o desgraçado do Murphy e sua lei: Se tem como piorar, vai piorar, e muito!
Não vou entrar em detalhes mas comecei a passar mal, isso por volta de umas cinco horas da tarde do dia vinte e quatro. Mas, não querendo abandonar a ceia, tentei aguentar firme. Uma, duas, três, quatro horas direto!
Mas aí, fiz a besteira de pesquisar no google, o que já é ruim. Tendo transtorno de ansiedade então, é pior ainda. E no meu caso, o google recomendava procurar um médico de imediato. Pelo sim, pelo não, e tendo um pronto socorro três quadras de onde eu estava, fui obrigado a largar comida, amigo secreto, família, sobrinho, tudo, para poder correr atrás disso.
Mais de uma hora e meia de banco. Quase onze horas da noite.
O médico finalmente chama. Converso com ele. Primeiro de tudo, meus sentimentos por ele estar de plantão justamente nessa noite sem ganhar um centavo a mais. Sim, ele comentou isso. Depois, falamos sobre o meu problema. Fiquei de pedir um exame no começo do ano que vem. Mas a pior desgraça vem agora:
Tomei quatro injeções. Seriam três, mas a primeira, que era para ser na veia, a desgramada da enfermeira errou! E por fim, tive que tomar duas uma em cada lado da bunda, e gente, é horrível tomar injeção quando você (de novo) tem transtorno de ansiedade.
Deixem eu dizer uma coisa sobre ansiedade: A dor física é processada no sistema nervoso central. E o transtorno de ansiedade afeta justamente o sistema nervoso central no sentido de que as alterações emocionais podem agravar as sensações físicas. De um jeito que vocês entendam: Gente ansiosa sente muito mais forte as dores (além de sentir umas que nem existem). Isso quer dizer que o diálogo no momento das duas injeções na minha bunda foi mais ou menos assim.
-Ai, meu Deus!
-Eu nem encostei!
-Então vai logo!
Aplicou.
-AAAAAAAIIII, PUT* QUE...
-CALMA, MOÇO! - Assustada.
-NÃO ME MANDA TER CALMA, EU TENHO ANSIEDADE!
-TÁ BOM, EU VOU COLOCAR!
-ENTÃO VAI!
Ela pegou a outra seringa.
-POR FAVOR, VAI LOGO!
-CALMA, MOÇO!
-NÃO SE MANDA UM ANSIOSO TER CALMA!
-TÔ COLOCANDO!
-AAAAAAAAI, CAC**...
-Pronto, já foi! PERA, TÁ SAINDO MUITO SANGUE! EU VOU PEGAR UM ALGODÃO!
Eu até queria ter baixado minha calça para uma mulher nessa noite, mas não nessas circunstâncias. Depois disso, eu fui dispensado e pude finalmente ir para a casa, com dor no braço direito e nos dois lados da bunda. E um deles eu tive que ir segurando se não era impossível de andar. E acham que não piora? A praça principal da cidade onde centenas de pessoas estavam reunidas porque era quase meia noite do dia 24 para 25 ficava bem no meio do caminho para a casa da minha família! Fiquem com essa imagem mental:
Eu, andando com dificuldade, segurando minha bunda, na frente de uma pequena multidão de pessoas. Já podem imaginar o que devem ter pensado, né?
E, para fechar com chave de ouro, mesmo chegando dez minutos antes da meia noite, e com tempo de participar do amigo secreto, o que quer que tinha naquelas seringas tinha me deixado completamente dopado e despenquei no primeiro lugar que sentei até o dia seguinte.
Pois é: Nada de amigo secreto, comilança, família, sobrinho. Obrigado por tudo, papai noel! Agora que pelo menos renda umas boas visualizações aqui no blog para compensar isso tudo!
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