Já faziam uns bons meses que tinha deixado o Pete e me mudado para os EUA pelo programa de Au Pairs e me tornado babá em Nova York. E minha vida tinha mudado completamente desde então, muito mais do que poderia imaginar. Mas depois do natal onde reencontrei o Pete, talvez eu tenha ficado um pouco emocional me lembrando daquela época.
Enquanto isso, Ollie continuava saindo com aquela pessoa, sem dizer nada a nenhum de nós quem era essa pessoa, e ainda me recordava da pessoa que veio buscá-lo para a festa. Alguma coisa não encaixava. O diálogo que vi pela janela naquele dia foi estranho e era difícil dizer se a pessoa que o levou não estava de alguma forma envolvida nisso. Seja como for, a vida seguia.
-Panquecas?
Era Christine chegando na cozinha e me vendo fazer o café da manhã dos meninos. Em geral gostava de tentar fazer alguma coisa do Brasil para eles e ir testando para ver o que gostavam. Até então, tinham gostado de arroz e feijão, batata recheada, entre outras coisas. Mas não, naquele dia, para adiantar as coisas, fiz o clássico.
-Bacon e ovos para o fé hoje, senhora Cooper! É difícil encontrar ingredientes para fazer comidas brasileiras sempre, minhas desculpas!
-Não se desculpe, não podemos reclamar! Sabe que esse não é seu trabalho, não é? - Debruçou-se na bancada da cozinha.
-Bem, está pronto! Vou levar os pratos para a mesa! Não pode ficar e tomar café com as crianças? Você é esposa do chefe, devia poder chegar e sair quando quer!
-Sim, mas... O chefe é meu marido!
É claro, Marcus não poderia ser menos rígido e exigente na empresa do que era com os filhos e até mesmo comigo em casa. Não sei porque por um momento imaginei que poderia ser diferente.
-Só precisava te avisar uma coisa! Hoje você vai cuidar de uma criança a mais! Minha amiga Marie Beauford vai ficar fora com o marido pelo final de semana e ficamos de cuidar do menino dela! Vai gostar do Nathan, ele tem catorze anos agora, mas é bem tranquilo, não deve dar mais trabalho que os meninos, e eu já avisei a Marie sobre você! Não vou mentir, ela estranhou um pouco um au pair homem, mas deu uma chance e ele deve chegar daqui a pouco! Pode fazer mais um prato?
Torta de climão. Ela me avisa na última hora que vou ter que dar um jeito de adaptar a rotina para receber um terceiro garoto. Que beleza.
* * *
-Você deve ser o Nathan, não é? Como...
Mal consegui terminar de falar após abrir a porta. Noah veio correndo da cozinha ao ouvir o nome dele e abraçou o garoto, como se fosse um chegado que não via a muito tempo.
-Ei, carinha, como vai? - Sorriu ele, abraçando de volta. Isso para mim era novo. Adolescente que tem paciência com criança.
Nathan tinha cabelos castanhos e um topete bem feito. Era poucos centímetros mais baixo que Ollie, tinha uma mochila nas costas, uma pequena mala na mão esquerda. Então Noah finalmente o solta.
-Bem, eu sou... - Lhe disse meu nome. - Au Pair dos meninos, e...
-Porque não disse que ele ia vir? - Perguntou Noah, me interrompendo de novo. - Ele é a melhor pessoa do mundo!
-Eu soube uma hora atrás, Noah! Mas ele vai ficar com a gente no final de semana, então...
-Mesmo? - Vira-se para ele. - Então a gente pode fazer muita coisa! Jogar garrafão, brincar com o autorama, jogar na internet... - E vai uma lista.
Mas a coisa que realmente me chamou a atenção foi quando Ollie apareceu vindo da cozinha, aparentemente curioso com o barulho. Quando viu Noah quase o abraçando Nathan de novo na porta simplesmente virou as costas, subindo para o quarto.
-Oi, Ollie! Bom dia! - Nathan ainda insistiu, acenando.
-Bom dia porque? - Se limitou a dizer, sem olhar para trás, antes de sumir no corredor.
Naquele momento eu percebi. A gente ia ter um longo fim de semana.
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*Mas é claro, o retorno dos Pequenos Americanos depois de seis meses de hiato não poderia ser com uma história qualquer! A próxima parte sai em breve, e, se já tiver saído, você confere clicando aqui!
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