-Ih, vai começar a p#taria! - Ele diz, dessa vez em tom de resmungo.
-Quem diria que algum dia você não usaria essa frase no tom habitual?
No meio da tarde de domingo em um quarto do HCor, o Hospital do Coração em São Paulo. Como de praxe, o tempo havia parado e ela havia aparecido do nada, alta, com vestes pretas e uma foice na mão esquelética. Ele sabia quem era, mas ainda assim parecia calmo.
No meio da tarde de domingo em um quarto do HCor, o Hospital do Coração em São Paulo. Como de praxe, o tempo havia parado e ela havia aparecido do nada, alta, com vestes pretas e uma foice na mão esquelética. Ele sabia quem era, mas ainda assim parecia calmo.
-Isso é o carnaval que chegou mais cedo? Porque eu adoro a p#taria do carnaval!
-Suponho que sim, entretanto, isso aqui é real. Olha, eu detesto ser portadora de más notícias (bem, na verdade eu adoro, é meu emprego) mas é chegada a sua hora. Sabe como é, parte natural da vida, blablabla e os c#ralho! Podemos ir?
-Mas tão rápido assim?
-Rápido?
-Ah, você sabe... - Ele sorri, com ar sedutor e a voz grave que sempre lhe fez a fama. - Eu tenho a eternidade agora, e você sempre teve... - Dá tapinhas no colchão, convidando-a a deitar.
-Que? - Ri a morte. - Porque eu faria isso agora, com você?
-Porque papai precisa de um test drive para ver se quer chegar!
-Olha só! - A morte puxa um caderninho de suas vestes. - Você vai deixar três esposas e trinta e dois filhos. E que bom que não foi o data folha que contou, se não teríamos três ou quatro estados inteiros contabilizados na margem de erro. Não quer usar a eternidade para descansar?
Ele chega a começar a abrir a boca, mas ela interrompe.
-Não, espera, considerando seu histórico de entrevistas eu não quero saber! Olha só, vamos colocar os pingos nos Is aqui. - Ela tira o capuz, deixando ver o rosto esquelético. - Eu sou homem, tá legal? Quer dizer, eu não sou homem, eu sou um ser espiritual, extraterreno, mas você entendeu a parada! Não vai ter nada disso aqui!
-P#rra, que droga, hein? E não dá para eu visitar alguém?
-Não deixo nem mandarem SMS de adeus, quanto mais visitar para isso! E você não tá preso para ter visita íntima, você está morto!
-Tá, mas vai ter mulher, né?
-No inferno se tiver sorte! Aí, boatos de que tem mulher, vinho, e a p#rra toda! Se for para o céu, nem a mão direita!
-Sério?
-Claro que não, eu não faço ideia, só vou até a porta com a galera! - Riu-se. - Por que todo mundo cai nisso? Mas olha, boatos de que deve ser assim mesmo! Mas não importa, você não tem escolha, e também, seu pênis vai ficar aqui mesmo!
-Que?
Foi nessa hora que a morte o golpeou com a foice. Ela tinha ouvido muito dele o suficiente para saber que desse ponto para frente nunca mais conseguiria convencê-lo a ir por bem. Mas, pelo sim, pelo não, ia telefonar para o céu e para o inferno, só para eles estarem devidamente avisados. De que papai estava para chegar. E isso não tinha como dar em coisa boa.
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PS1: Eu gostaria de pensar que não preciso avisar. Deus sabe como eu gostaria. Mas nós sabemos que uma galera não vai entender, então lá vai: O propósito desse texto é puramente de divertir e relembrar a pessoa caricata que o Mr. Catra foi em vida, e penso que o humor é a melhor maneira de fazê-lo. Considerem isso como uma homenagem póstuma bem humorada, que é seu único propósito!
PS2: A partir de hoje hoje o blog está de volta, religiosamente todas as sextas e segundas feiras as 18:30 da tarde com novos posts, e todas as séries antigas como a Morte e o Pete vão continuar.
PS2: A partir de hoje hoje o blog está de volta, religiosamente todas as sextas e segundas feiras as 18:30 da tarde com novos posts, e todas as séries antigas como a Morte e o Pete vão continuar.
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