Isso aconteceu uma certa vez, quando um famoso cantor morreu (e vou contar como se tivesse sido o saudoso Reginaldo Rossi). Todos ficamos muito sentidos com a perda e com a ideia de que ficamos órfãos daquela voz que sempre tocou o país inteiro, assim como foi com Reginaldo. Se eu contasse qual foi o cantor real, tão famoso e saudoso quanto ele, vocês saberiam disso.
Pois bem, naquela semana fui a casa de uma vizinha, uma senhorinha já com certa idade e que era muito próxima de minha família. Imaginando que ela era fã de cantores como esses, no meio da conversa, sobre qualquer coisa que minha teria me mandado dizer a ela, mencionei a respeito do falecimento do homem.
-A senhora soube? O Reginaldo faleceu ontem!
-O Reginaldo?
-Sim, ele estava há duas semanas internado, parece que teve uns problemas de coração, eu não entendi direito!
-Mas, a sua mãe não me disse nada!
-A gente soube hoje cedo também, dona Isaura!
-Ele estava aqui no último sábado, pelo amor de deus!
A mulher começa a desesperar de uma tal maneira que eu comecei a achar que ela ia enfartar cedo ou tarde. Até a mão começa a tremer de um jeito que era impossível de não ver e o rosto fica extremamente pálido.
-E-eu não sei do que a senhora está falando, dona Isaura! Ele estava em estado grave na UTI! Realmente é uma perda horrível!
-Ele estava aqui, meu deus! Ele estava aqui!
-Eu... Realmente não podia imaginar que a senhora gostava tanto dele!
-Claro que eu gosto dele! - Ela faz uma pausa, como que tentando se recompor. - Meu deus, seu pai deve estar arrasado!
Foi aí que eu saquei que alguma coisa estava meio errada. Meu pai sempre preferiu artistas sertanejos como Chico Rey e Paraná, Mato Grosso e Mathias e essa galera. Nunca me falou que gostasse de Reginaldo Rossi.
-Desculpa, a gente está falando da mesma pessoa?
-Que?
-É que eu estou falando do Reginaldo Rossi!
-Ah, vai tomar no seu (palavra santa), moleque! - Berrou.
Um tempo depois ela ainda veio me pedir desculpas e explicou que achou que eu estava falando do Reginaldo, meu primo e sobrinho do meu pai, que sempre aparecia muito para nos visitar e conhecia a dona Isaura. Felizmente, ela segue bem. Que bom que percebi a tempo e a salvei de um enfarto, porque a situação estava crítica. Mas por via das dúvidas, nunca mais fui avisa-la da morte de ninguém. Vai que, né?
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