O homem abraçava o garoto debaixo do sol ainda por esquentar das sete horas da manhã de frente para o ser alto vestido de preto com uma foice na mão que o observava, enquanto tudo o mais a sua volta estava parado no tempo. A morte apontava a foice, mas ainda não tinha se movido.
-Tenho que agradecer por poupar o meu tempo! - Disse o ser. - E tenho que dizer, suas palavras são tocantes, parece que realmente gosta do garoto!
-Você não passou pelo que eu passei! - Respondeu ele.
-Então agora é que você congela a gente? - Pete.
-Ninguém vai congelar ninguém! - Resmungou. - Tá, foi bom te conhecer, Carlos! - Levanta a foice.
-ESPERA!
-Ai, tava bom demais para ser verdade! (Palavra Santa) que pariu! O que foi agora?
-Deve haver algum engano!
-Você já tentou essa, pelo amor dos meus filhinhos que eu nem tenho, deixa eu terminar com você!
-Não, tipo, agora é sério! É que... Eu não me chamo Carlos!
-Como não? Acha que já não tentaram isso comigo, Carlos? - Retira um bloquinho de anotações debaixo da roupa. - Carlos Moura, 26 anos, nessa rua, nesse dia, num carro barato com um menino...
-Bem, caro! - Interrompeu o homem. - Vai por mim, eu pago caro todos os dias da minha vida por essa criança!
-Enfim, e é para tudo isso acontecer exatamente as 06:11:07 de hoje!
-Então, é que agora são 07:11, você esqueceu o horário de verão!
Silencio. Por um momento a morte travou. O rapaz travou. O garotinho travou. O leitor travou. Todo mundo travou. Menos Chuck Norris.
-C-como é?
-Então, não sei como vocês fazem com as horas nos papéis, mas aqui nesse estado nós temos o horário de verão e em outubro adiantamos uma hora no relógio. Sim, eu sei que é ruim e eu odeio isso também, mas é a vida!
A morte conferiu novamente os papéis. Uma, duas, três vezes. Estava certo, ela realmente tinha se esquecido de considerar o horário local daquela época, e portanto, o tal do Carlos ainda seguia vivo.
-Anh... Você dormiu no volante e isso tudo foi um sonho! Tenha um bom dia!
Assim, o ser misterioso desapareceu no ar e toda a vida em volta voltou a caminhar novamente. O rapaz volta para o carro com o garoto e se senta aliviado, sem acreditar que aquilo realmente tinha acontecido com os dois. Respira fundo. O pai do garoto geralmente não acreditava nem nas coisas fisicamente e objetivamente possíveis que aconteciam entre ele e o garoto, imagine naquilo.
-Então... A brincadeira de estátua acabou? - Pergunta o garoto.
-Por enquanto sim. - Suspirou, dando a partida. - Por enquanto sim!
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