Ele estava no hospital há dias tratando uma doença que teve após uma piora a respeito dos seus problemas de pressão alta. De repente, o tempo para e fica um silêncio ensurdecedor a sua volta. A enfermeira que passava pelo vidro do corredor petrifica-se como uma estátua. O som da máquina que media seus batimentos cardíacos também para. De repente, nota a presença de um ser no canto da sala, como se tivesse acabado de se invocar naquele lugar.
-Está um belo dia para morrer, não é?
-Quem é você?
-Aquele que vem buscar a todos quando o dia chega e encaminhar a seu destino! Considere-me o ascensorista da eternidade!
-Você não pode ser real!
-Porque não?
-Porque eu sou ateu!
A morte ficou encarando o homem, desacreditada no que estava ouvindo, e ele devolvia com cara de poucos amigos, como que esperando que a morte sumisse.
-Bem, o senhor também não acreditou em hipertensão, agora estamos aqui, não é?
-Vá embora!
-É o que eu mais quero, senhor Conrado, mas o senhor tem que vir comigo, e isso não tem a ver com o que o senhor acredita ou deixa de acreditar: Essa é a vida real!
-Não, isso não faz sentido! Era só para eu desmaiar e tudo sumir, isso não faz sentido! Deve... Deve ser coisa da minha cabeça, não é? Essas histórias que esse povo conta, só pode ser isso!
-Sinto muito, senhor Conrado. Mas por favor, para de empacar meu lado e vamos logo!
-M-mas, e meus filhos? E minha esposa?
-Vão viver sem o senhor! Ser ateu não fez o senhor concluir isso?
-E-eu não fiz nada na minha vida, não fui a igreja, nunca rezei...
-O que mais?
-Nunca gostei de religiões...
-O - que - mais?
-Posso ter quebrado um ou dois santos. E falado mal de pastores!
-Esses aí tudo bem, a maioria esmagadora merece! - Brincou a morte. - Vale até bônus para o livro da vida!
-Sério?
-Claro que não! - Riu-se. - Sem provas é falso testemunho! Vamos embora, por favor!
-Se eu me arrepender agora...
-NÃO! - Berrou. - O SENHOR NÃO PODE SE ARREPENDER AGORA!
-Porque não?
-O SENHOR FOI ATEU! TENHA DIGNIDADE E VERGONHA NA CARA! - Respira fundo. Olha só perdoe-me se achar que estar desde o inícios dos tempos nesse trabalho não é o suficiente para estar de saco cheio, mas vamos embora!
-É que, eu não sei o que pensar! E-eu jamais imaginei isso, e...
A morte levanta a lança.
-O senhor estava pronto para morrer sem aviso a qualquer momento. Vai mesmo começar com essa frescura? Não dá para morrer como um ateu digno?
-...
Em seguida, golpeia-o com a lança. Por sinal até que enfim!
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A Morte é uma série oficial do blog, que conta as aventuras da morte na tentativa de levar as mais diferentes (e chatas) pessoas para o além, e ela também está de volta no blog!
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