Eu conheci muitas pessoas assim. Um grupo de jovens obstinados por justiça e moral que na real sabem mais da vida dos outros que muitas de nossas sogras. E a maioria começa adolescente.
Antes de mais nada é bom deixar claro que eu sou cristão, cresci sendo levado na igreja desde cedo, fiquei por anos em uma em particular, mas conheci várias outras, diria o suficiente para conhecer o panorama geral do cristão pelo menos aqui no interior do estado. E quando falo aqui da Tropa, não reconheço todo e qualquer religioso dentro desse espectro, mas sim aqueles que perderam a noção das coisas. Na verdade é um lado meio extremo e obscuro da parada que a gente que tem bom senso prefere fingir que não existe dentro da igreja ou que não se senta toda reunião a duas ou três cadeiras de nós:
Começa quando o garoto, ainda novo, vai na escola de roupa social (ou de terno se a patente na Tropa for mais alta) com uma bíblia debaixo do braço. Você pode até ponderar com ele que o pecado da luxúria de repente, meio que, quem sabe, há uma possibilidade de também envolver o fato de como ele olha para os outros com orgulho de quem "tem a salvação" e é um "servo de orgulho do senhor" em relação aos "perdidos em pecado" a volta dele. Mas o que vale é a compreensão dele da palavra. Não existe multinterpretatividade bíblica para ele. Esqueçam essa história.
Eles podem ser encontrados no intervalo andando somente entre eles, dificilmente vão estar falando com outras pessoas. É literalmente um grupo que só de estar presente já pede para tomar um cuecão. Mas é extremamente raro que um valentão faça isso. Porque, num país de esmagadora maioria cristã, mesmo os valentões sabem o que significa ir para o inferno.
Quando adulto, geralmente só piora. Se sentindo parte do próprio povo de Israel dos tempos bíblicos, ele acredita que está tudo bem bater na porta da sua casa no domingo as sete e meia da manhã, como se o sono e o descanso não fossem dádivas do Deus que ele representa.
Mas nem pense em cobrá-lo: Ele vai garantir para você que milhares de cristãos são torturados e mortos todos os dias em diversas partes do mundo, (o que dependendo do lugar é realmente verdade), e vai tentar te fazer sentir como se fosse um dos tais perseguidores. Mas se ele falar mal de religiões de origens africanas ou de muçulmanos, não se importe. É evidente que é diferente, e além disso, ele só está falando por Deus.
Ele anda na rua de nariz em pé, vendo-se como o exemplo de conduta que o Senhor espera de seus fiéis seguidores, ainda que acredite em teologia da prosperidade e as dívidas intermináveis e o salário baixo insistam em lembrá-lo do contrário. Conversa somente com pessoas da igreja dele a não ser quando tiver que evangelizar, quando te entregará algum jornal ou informe de sua igreja com o orgulho de quem entregasse a cura do câncer a uma criança que fosse vítima. E se ele realmente pertence a esse tipo, quando ele perguntar: "Você sabe o nome de Deus?", você quase vai jurar que ele dirá em seguida: "Porque naquele dia eu vou me sentar ao lado dele!".
Mas, aí você lembra que "Deus não faz acepção de pessoas" ainda que certamente faça acepção de caráteres, e se propõe a rezar por ele. E bem fará Deus o que fizer.
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