Crianças são seres estranhos, mas são legais


   Houve uma época em que comecei um Tumbrl com textos e pequenos contos meus, verídicos ou não. A maioria dos primeiros textos eram sobre minhas experiências com crianças. Recém saído da faculdade de pedagogia e de uma experiência muito legal de estágio em uma creche da cidade, esse era um assunto que realmente estava muito forte na minha cabeça.
   Escolhi minha profissão pelas crianças. Gosto de como me sinto um ser superior perto delas. Ok, calma, estou brincando, não é assim! Falando a verdade agora, escolhi trabalhar com crianças porque acredito nelas e que vão construir um futuro melhor para a humanidade, ou fariam, se fôssemos capazes de mostrar esse caminho a elas. Se bem que depois o botão da aborrescência liga na cabeça delas e mais da metade do que foi feito nesse sentido tende a se perder.
   Mas eu tenho umas recordações bem interessantes com crianças. A primeira coisa que vocês têm que saber sobre mim é que normalmente as crianças costumam gostar de mim, tirando os meus sobrinhos. Normalmente eles me odeiam. É o carma da minha vida.
   Uma certa vez, em um churrasco, enquanto os colegas comiam carne e conversavam do lado de fora da casa, um garotinho assistia um filme de animação na TV. Era filho de um dos nossos colegas e não tinha nenhuma outra criança para ele brincar. Interessado no filme (Gosto de animações. Mas animações de verdade, não aquelas que subestimam a inteligência da criança, tipo “Eu preciso chegar ao prédio! Ei amiguinho, você está vendo o prédio? Você pode me apontar o prédio?”. Isso é muito imbecil.) me aproximei e sentei-me no sofá. Em dois minutos, estávamos conversando, eu e o moleque, sobre nossas animações preferidas. O que fiz? Nada. Alias, eu nunca faço absolutamente nada além de dar atenção. Foi nesse dia que ouvi de uma amiga aquela frase:
   “Eu queria ter a facilidade que você tem para conversar com crianças!”
   No início da minha formação como educador, em uma creche que tive contato, sempre fazia amizade com certa facilidade com as crianças, mas só me caiu a ficha de que isso não ia ser sempre bom quando um garotinho de cinco anos, um belo dia de sol, disse-me:
   -Tio, casa com a minha mamãe? Ela faz suquinho de laranja todo dia para você!
   É bastante interessante pensar esse caso do ponto de vista social: Nossos avós se casavam somente quando tinham a certeza de que queriam passar a vida juntos. As gerações seguintes passaram a confundir tesão com amor ou casar só porque surgiu um filho de uma “brincadeira” casual. A próxima vai casar somente a troco de suco de laranja. Pensando nisso, vi uma foto recente desse garoto: Hoje ele é gordinho. Muito suquinho de laranja.
   Crianças gostam de fazer perguntas e não tem vergonha de perguntar absolutamente nada. Inclusive coisas que não entendem. Esse garotinho era desses.
   -Tio, você tem filhos?
   -Ainda não, fulaninho!
   -Mas por quê? Sua mamãe não engravidou?
   (Temo pela mãe desse garoto).
   Foi quando eu comecei a perceber. Não importa quantos séculos de experiência você tenha com crianças: Sempre vai aparecer uma que vai te colocar numa situação que você não vai saber o que dizer ou fazer.
   Enfim, como podem ver, crianças sempre rendem histórias legais, mas também, eles sabem como te deixar numa saia justa, passar por momentos de tensão e de não saber o que fazer. Fique atento: Se você quiser ter um filho, treine primeiro com um cubo mágico, sabe aquele comunsinho, 3 x 3 x 3, que qualquer lojinha de brinquedos ou de coisas nerds vende? Pois é, se você quer lidar com situações realmente complicadas, é bom começar com isso. E pelo menos o cubo você pode tacar na parede! Quando seu filho virar adolescente, você vai querer fazer isso! Muitas vezes!
   Eu já falei nesse blog sobre como eu amo adolescentes, né?

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   Eu consegui encontrar um texto meu inédito por aqui. E tanto ele é inédito que uma das histórias eu já tinha contado em outro texto bem no começo do blog. Ainda assim, valeu a pena adaptar ele aqui para vocês!

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