Primeiro beijo vendo filme romântico é uma péssima Idéia!


   Eu amei muito uma garota uma vez. E eu tenho alguns princípios bem rígidos para ter alguma coisa com alguém. É meio complicado de explicar, mas, para que eu vivesse algo com alguém, aquilo tinha que ter significado para mim.
   Tipo, eu jamais teria tido meu primeiro beijo (e nem nenhum dos outros) com uma boca qualquer, tipo, trocar saliva e bactérias bucais pelo simples prazer de trocar saliva e bactérias bucais. E pensando bem, não me parece exatamente a coisa mais legal do mundo acariciar com a língua as aftas de uma desconhecida.
   Por isso, a coisa só aconteceu no meu primeiro namoro, e por sinal, ainda demorou um pouco para acontecer. Tipo, algum tempo. Sério, ninguém começa um namoro de acordo com o julgamento da boca do parceiro, tipo “seu beijo é bom, vamos fazer isso sempre?”. Se fosse isso eu me casaria com uma boneca inflável. (Aquele pequeno aviso de ironia, porque vai que... Né?).
   Começamos a namorar porque gostávamos um do outro, gostávamos de nossa companhia, dividíamos pensamentos, traumas, sonhos e não nos imaginávamos mais sem o outro. Esse era o momento certo, para mim, de assumir uma relação: Quando ela já começa a se encaminhar naturalmente.
   Assim, nada contra se você beija ou transa com pessoas ao acaso, só por diversão, sem importar muito com quem elas sejam, em que tipo de festa vocês estavam e o grau etílico ou de brisa de entorpecentes delas. Assim, sei lá, boa DST para você.
   Voltando a questão do nosso beijo, isso levou um certo tempo para acontecer porque nenhum de nós dois tinha beijado antes e ambos estávamos com um certo medo do que o outro ia achar, e tals, aquela coisa de adolescente que a gente pensa que é só com a gente e o outro já nasceu sabendo e faz com as mãos amarradas nas costas. E agora que eu falei em “mãos amarradas nas costas” imaginei coisas um tanto sujas. Cérebro de homem.
   A coisa foi acontecer mesmo um belo dia em que resolvemos ir ao cinema. O filme em questão era um desses filmes românticos que menos de um ano depois ia virar mais um clássico da sessão da tarde. Não no estilo “Meu Primeiro Amor”. Não teria condição de beijar num filme como esse, embora ele seja bom. Era mais um melodrama adolescente misturado com elementos sobrenaturais. Adaptação de um livro que provavelmente nunca vou ler na minha vida.
   O fato é que estávamos sentados vendo o filme abraçados e eu nem pensava naquilo naquele momento. Não queria forçar as coisas. Íamos beijar quando eu sentisse que ela estava a vontade para isso. Contudo, quando aconteceu finalmente de a mocinha, depois de se f#der o filme inteiro, finalmente juntar os lábios com os do cara, que algo se despertou em minha garota.
   Então ela virou para mim e sussurrou:
   -Pode ser agora?
   Cara, numa hora daquelas a menina perguntar para mim se pode ser agora é igual ao Sílvio Santos mostrar uma maleta de dinheiro para um assaltante e dizer: “Perdi, perdi!”. O grande problema é que, talvez por bug da minha mente, o garoto selvagem que estava ali até então morreu e entrou em cena o menino nerd:
   -C-claro! - Respondi.
   E eu juro por Deus que vou me arrepender amargamente pelo resto da minha vida de dizer isso no blog, mas eu fiquei tão nervoso que quase nem me mexi, apenas a deixei explorar minha boca livremente. Se você acha que vai fazer algo errado, é melhor não fazer nada mesmo.
   O engraçado é que no fim das contas foi bom para nós dois, e por incrível que pareça, quando nos beijamos das outras vezes, eu já não sentia mais um pingo de nervosismo e para mim, era como se eu tivesse experiência de uma vida inteira naquilo. Então, nos beijamos para valer várias outras vezes depois e compensei o fail.
   Conclusão: Eu sou um panaca. Se eu não tivesse ficado tão nervoso no estilo John Coff  na cadeira elétrica, aquilo teria sido muito melhor e eu provavelmente teria dado um primeiro beijo decente a ela!
   Mas o importante é que, se nada deu certo, nada deu errado também.
   Depois de um tempo terminamos por uma série de razões. Não conseguíamos mais gerenciar isso. Continuamos amigos por um tempo, mas, ainda assim, havia um resto de chama acesa que não parou de me fazer sofrer por ela enquanto não paramos de fato de nos falar. Acho que tem certas coisas que não dá mesmo para continuar se prendendo. A vida tem que seguir.
   Se bem que só nos beijamos naquele momento porque o cara e a mocinha na tela do cinema se beijaram antes, o que só fez o nosso primeiro beijo dar mais errado ainda: Nós acabamos idealizando o que queríamos fazer com base naquilo: Um beijo que nem foi de verdade.
   Parabéns para mim.

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